Revogação da reforma trabalhista? O caminho da luta de classes

 

O dia Primeiro de Maio tem sido comemorado anualmente pelos trabalhadores do mundo inteiro desde 1890 – por iniciativa da Internacional Socialista – como um dia internacional de luta por suas reivindicações enquanto classe. Assim tem sido igualmente no Brasil, porém o seu sentido tem dependido do grau de consciência e organização alcançado ao longo do tempo.

Neste ano de 2023, em São Paulo (capital), dirigentes das centrais sindicais dividiram o palanque com Lula e seus ministros no ato oficioso do 1º de Maio por “Emprego, Direitos, Renda e Democracia”. Sérgio Nobre, presidente da CUT afirmou ao presidente da República que o movimento sindical realizará campanha permanente contra os juros altos, porque o Banco central está “sabotando o crescimento do país com a taxa de juros de 13,75%”. Palavras que Lula não poderia dizer com essas letras para não desagradar o capital financeiro, mas por ele endossadas na defesa de um “conserto” do Brasil, com a vinda de investimentos estrangeiros para obras de infraestrutura capazes de gerar empregos. leia mais

Gaza, ano zero: as raízes do Holocausto palestino [parte 4]

 

Bernardo Kocher
Prof.  História Contemporânea
Universidade Federal Fluminense
Opera Mundi, 25 de abril de 2024.

 

 

A grande estratégia do Estado sionista tem sido metamorfosear seu projeto político doméstico em uma grande convulsão regional, o que explica a crise com o Irã

 

Em 13 de abril de 2024, o Irã atacou massivamente o Estado sionista em uma retaliação ao bombardeamento com vítimas à sua sede consular em Damasco. O ataque produziu efeitos simbólicos, uma espécie de “efeito demonstração” (por não ter atingido propositadamente áreas sensíveis entre a população civil e a atividade econômica), alcançando substantivamente apenas a base aérea no deserto de Neguev, instalação de onde partiram os aviões F-35 que atacaram a sede consular iraniana.

No dia 19 de abril o Estado sionista atacou o Irã, mas em intensidade bem inferior, se compararmos o número de drones e mísseis que percorreram os céus dos países vizinhos na semana anterior. Não há consenso entre os especialistas reportados na mídia sobre quais ou quantos armamentos foram lançados em direção ao país persa, mas é certo que a simbologia do ataque foi estabelecida ao dirigir parte destes para as imediações das instalações nucleares localizadas na cidade de Isfahan.

Dentro deste quadro de duplo ataque o que resta a considerar é a formação de uma nova equação de poder (militar) no Oriente Médio. Que o Estado de Israel tenha capacidade de externalizar poder é coisa sabida e estabelecida. O que é novo, o que foi demonstrado cabalmente no primeiro ataque, é que o espaço aéreo do Estado sionista também é poroso, vulnerável e suscetível; é possível impor ao Estado sionista uma posição pouco praticada por esta instituição (ao menos desde a Guerra do Yom Kipur, em 1973): a adoção de medidas defensivas no seu território contra hostilidades oriundas do exterior. Aqui é a ação iraniana que realmente precisa ser considerada nesta nova correlação de forças; esta situação foi ensejada pela exposição do território sionista a um arsenal de cerca de três centenas de armas de longo alcance (drones e mísseis), o que denuncia a existência de um estoque maior e mais poderoso em poder das forças armadas persas. leia mais

Gaza, ano zero: as raízes do Holocausto palestino [parte 3]

 

Bernardo Kocher
Prof.  História Contemporânea
Universidade Federal Fluminense
Opera Mundi, 30 de março de 2024.

 

 

Pela primeira vez os sionistas perderam o controle da narrativa do que ocorre na Palestina, com a massiva empatia pela causa palestina a nível global

 

1948: o começo do fim?

Desde que começamos a tratar do genocídio que ocorre na Faixa de Gaza aqui neste Opera Mundi, em dezembro de 2023, estivemos preocupados em discernir a estrutura do Estado sionista buscando a compreensão materialista do que lá se passa, “a análise concreta da realidade concreta”. Isso porque, cercado de fetiches e narrativas forjadas numa correlação de forças amplamente desfavorável, a questão palestina tem-se apresentado para o grande público de forma fantasiosa e distorcida. Esta percepção absolutamente idealizada é alimentada pelos sionistas e aliados desde a “independência” do Estado de Israel em 1948, colocando este feito no interior de uma cobertura dourada de legitimidade jurídica, já que outorgada pela Organização das Nações Unidas através da Resolução no. 181, de 29 de novembro de 1947. A reação adversa dos países árabes, contrários a esta resolução – e depois a derrota na guerra de 1948 –, tornou-se em uma espécie de “cláusula pétrea” de que a situação do povo palestino foi produzida pelos erros do mundo árabe, quando não dos próprios palestinos. Mas atentemo-nos para uma indicação pouco considerada e que, certamente, é o início da mistificação de todos os fatos posteriores: a decisão da ONU que foi aprovada impunha à Palestina um “Plano de Partição com União Econômica”. leia mais

Fatos & Crítica 45: Economia em alta e popularidade em baixa?

 

 

Os últimos resultados das pesquisas de opinião sobre o governo Lula fizeram soar o alarme no Palácio do Planalto. Segundo o Datafolha, em março do ano passado, 38% dos entrevistados julgavam o governo ótimo ou bom, mas, decorrido um ano, esse percentual baixou para 35%. Inversamente, o número dos que consideravam o governo ruim ou péssimo subiu, no mesmo período, de 29% para 33%.

O governo não esperava essa evolução, diante de vários índices econômicos positivos: no ano de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 2,9%; o desemprego baixou (na média anual) de 9,6% em 2022 para 7,8% em 2023; 1,8 milhões de empregos formais foram criados no ano passado e a renda do trabalho teve um aumento de 11,7% no mesmo período.

Algumas autoridades ensaiaram explicar o mau momento sugerindo problemas de “comunicação”, ou seja, as suas ações positivas não estariam sendo adequadamente divulgadas e capitalizadas, enquanto a extrema direita continuaria muito ativa, bombardeando o governo nas redes sociais.

Já a grande mídia aproveitou para atribuir o desgaste do governo Lula a certas declarações sobre política externa destoantes das orientações emanadas pelo Departamento de Estado americano, como a condenação de Israel pelo genocídio em Gaza e em relação às eleições na Venezuela.

Além disso, andaram sugerindo que a queda da popularidade do governo poderia ter relação com as tentativas de intervenção na companhia Vale S.A. e com a não distribuição de dividendos extraordinários na Petrobras, assuntos muito relevantes para os grandes fundos de investimento nacionais e estrangeiros – cujos interesses a imprensa burguesa reverbera –, mas de repercussão praticamente nula para a população em geral, principalmente entre os trabalhadores. leia mais

Novo Germinal: A ditadura empresarial-militar de 1964-1985 e a classe trabalhadora. Entrevista com Eduardo Stotz e Mercedes Galvão

Nesta segunda-feira, 1° de Abril, às 19h, no programa Segunda Opinião, pautamos a perspectiva da Classe Trabalhadora sob a Ditadura Empresarial-militar de 64/85 com dois militantes que viveram o período e militaram na Polop, Eduardo Stotz e Mercedes Galvão, ambos do Centro de Estudos Victor Meyer.

Será uma conversa sobre as agruras e as lutas do proletariado nos anos de chumbo.

Para assistir, clique no link e acione a notificação do vídeo

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